
Em outubro de 2024, a Controladoria-Geral da União (CGU) lançou o segundo volume do guia “Programa de Integridade: Diretrizes para Empresas Privadas”. Com uma abordagem mais prática e alinhada às novas regulamentações, como o Decreto 11.129/2022, o guia reflete as lições aprendidas pela CGU em processos administrativos, acordos de leniência e avaliações de integridade. Este documento atualiza o conceito de Programa de Integridade, abordando temas como governança, direitos humanos e sustentabilidade, ampliando significativamente o escopo das iniciativas de compliance nas organizações.
Principais Atualizações
O novo volume do guia marca uma mudança de paradigma ao expandir a compreensão de integridade corporativa, que vai além da prevenção de corrupção pública, abrangendo temas como assédio, discriminação e proteção ambiental. Essa ampliação reflete as demandas atuais do mercado e das legislações mais recentes, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e as novas normas internacionais de combate à corrupção. Agora, os Programas de Integridade devem ser vistos como instrumentos que promovem não apenas conformidade, mas também uma cultura ética integrada ao cotidiano da empresa.
O documento reforça a importância da participação ativa da alta direção no sucesso do programa. A liderança deve incorporar os valores de integridade e ética tanto nas suas ações quanto nas suas decisões estratégicas, garantindo que o programa se torne parte intrínseca da organização.
O Papel dos Canais de Denúncias
Um dos aspectos destacados do novo guia é a necessidade de implementação de canais de denúncias eficazes e acessíveis. A CGU deixa claro que os canais de denúncia precisam ser mais do que simples e-mails: devem garantir confidencialidade, anonimato e permitir o acompanhamento da denúncia pelo denunciante, aumentando a transparência do processo e a confiança no sistema.
A acessibilidade do canal também é enfatizada, sugerindo que as empresas ofereçam múltiplas plataformas de comunicação para facilitar a participação de funcionários, fornecedores e parceiros. Além disso, o guia sugere que o canal de denúncias seja um meio fundamental para identificar irregularidades, promover transparência e fortalecer a cultura de integridade nas organizações.
Governança e Sustentabilidade no Programa de Integridade
O guia também enfatiza a necessidade de integração entre o Programa de Integridade e a governança corporativa, recomendando estruturas claras que assegurem a supervisão e implementação eficaz do programa. A gestão de riscos é central nesse contexto, com o documento sugerindo que as empresas realizem avaliações periódicas dos riscos de integridade para mitigar possíveis fraudes, assédios e violações éticas.
Além disso, a CGU incentiva que os programas sejam incorporados às políticas de sustentabilidade corporativa, abordando práticas ambientais e de governança que vão além do combate à corrupção. Isso é fundamental para garantir a conformidade com as novas regulamentações e para manter a reputação da empresa no mercado.
Treinamento e Comunicação
O treinamento e a comunicação são componentes críticos para o sucesso do Programa de Integridade. O novo guia sugere que as empresas invistam em programas de treinamento personalizados e diversificados, focando na qualidade dos conteúdos e na relevância para o público-alvo. O objetivo é evitar a superficialidade e garantir que todos os colaboradores compreendam plenamente os padrões éticos e as políticas da empresa.
As ações de comunicação interna também são apontadas como essenciais para disseminar os valores do programa e reforçar a importância do cumprimento das políticas e diretrizes de integridade. A divulgação contínua e clara das práticas de compliance é um dos fatores-chave para garantir que os princípios éticos permeiem todos os níveis da organização.
Conclusão
O novo volume do Guia de Diretrizes para Empresas Privadas da CGU é uma importante ferramenta para auxiliar as empresas a ajustarem seus Programas de Integridade às novas exigências legais e de mercado. Com ênfase em governança, sustentabilidade e canais de denúncias eficazes, o guia oferece diretrizes claras para que as empresas construam uma cultura de ética e conformidade que não apenas minimize riscos, mas que também promova o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade social no ambiente corporativo.